quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Jogo Corrida da Matemática

Que tal criar um jogo para ajudar as crianças com as contas de matemática?


Público alvo: Ensino Fundamental, do 1º ao 5º ano. 
ConteúdoOperações aritméticas e situações-problema. 
Materiais: caixas de ovos, cds usa.dos, tampinhas de garrafa e eva
Objetivos: 
·         Desenvolver o raciocínio para cálculos mentais;
·         Aumentar a capacidade de observar,
·         Discutir, enfrentar e deduzir soluções para situações-problemas propostas. 
Desenvolvimento: O jogo possui um tabuleiro de seis níveis, 4 jogadores. Após o sorteio o primeiro jogador roda as duas roletas e a roleta do meio para descobrir qual operação matemática vai resolver. O aluno só passará de nível quando responder corretamente. Ganhará o aluno que passar por todos os níveis e alcançar a "Chegada" primeiro.







A história da Matemática













As possibilidades de intervenções que o professor deve fazer para uma criança que está no processo inicial da construção do conceito de número.

Passo 3 

Com as constantes mudanças que vem ocorrendo nos dias atuais em sala de aula e a necessidade do aluno em realmente aprender sendo o ensino de matemática precisou passar por mudanças para poder ter significado e ser aplicado de acordo com o dia a dia do aluno. O educador tem o papel principal de mediação, sempre intervindo quando necessário, deixando que o aluno se familiarize com a matemática fazendo com que o aluno utilize de exemplos e o aplique em seu cotidiano.
O educador precisa apresentar sempre novas atividades que desenvolvam o raciocínio lógico do aluno, não deixando de respeitar a individualidade pois cada criança tem o seu tempo para aprender, ainda mais quando se trata da matéria de matemática.
É necessário saber quais os conhecimentos que a criança já possui e ter a consciência que a criança precisa ter contato com os números desde muito cedo para assim melhor desenvolver e aprender com facilidade a matéria de matemática sendo sempre incentivado e respeitando o aluno como ser humano que está em desenvolvimento. 

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Jogos de Matemática

https://youtu.be/E7vSCx_lGDQ

Este é um jogo da memória onde: metade das cartas são pequenas continhas simples de adição e subtração e a outra metade, a respostas delas!
Jogo interessante para exercitar números, contas de adição, de subtração, e até multiplicação e divisão com crianças que cursam o ensino fundamental 1 e 2

domingo, 24 de maio de 2015

Tópico" Artes."



DANÇA:  Expressão pelo movimento

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Foto: Tatiana Cardeal

Explorar o caráter expressivo do movimento é uma das premissas do ensino de dança. O coreógrafo e pesquisador da linguagem Rudolf Laban (1879-1958), uma das grandes referências na área, categorizou os movimentos em dois tipos: os funcionais - escovar os dentes, subir escadas ou escrever na lousa, por exemplo - e os expressivos. Nesses últimos, o objetivo é transmitir uma ideia ou sensação, como o estranhamento, a curiosidade, a beleza ou o humor. 


À dança, costuma-se associar os movimentos de natureza expressiva - como se vê no balé clássico. O professor, porém, deve considerar (e explorar!) uma característica das crianças que permite enriquecer as atividades em sala: elas não distinguem necessariamente os movimentos funcionais dos expressivos. "Entre os pequenos, as atividades cotidianas mais simples são carregadas de brincadeira, de exploração de movimento, de dança", diz Fabio Brazil, dramaturgo da companhia Caleidos, em São Paulo. "Eles ainda não criaram barreiras entre os dois tipos de gestos." 



Para o dramaturgo, um bom caminho para explorar a linguagem na escola é justamente investir no rompimento de qualquer distinção entre os movimentos cotidianos e aqueles considerados "bonitos" pelo senso comum. A dança moderna e a contemporânea trabalham nessa perspectiva. "Um gesto do dia-a-dia trazido para o contexto de uma coreografia - em uma repetição dele, por exemplo - ganha um sentido expressivo", explica. "É só lembrar da cena de Charles Chaplin no filme Tempos Modernos, em que ele transforma o ato de apertar parafusos em uma expressão de crítica e humor."



Dança na escola: uma educação pra lá de física
As crianças ajudam a criar a coreografia: inspiração na cultura popular.
Foto: Karine Basilio
Dançar é uma das maneiras mais divertidas e adequadas para ensinar, na prática, todo o potencial de expressão do corpo humano. Enquanto mexem o tronco, as pernas e os braços, os alunos aprendem sobre o desenvolvimento físico. Introduzir a dança na escola equivale a um tipo de alfabetização. "É um ótimo recurso para desenvolver uma linguagem diferente da fala e da escrita, aumentar a sociabilidade do grupo e quebrar a timidez", afirma Atte Mabel Bottelli, professora da Faculdade Angel Viana e da Universidade Federal do Rio de Janeiro. E o melhor: o trabalho pode ser feito com turmas de todas as idades e de forma interdisciplinar, envolvendo as aulas de Artes e de Educação Física. O mais importante, no entanto, não é convencer a turma a ensaiar para se apresentar no final do ano. "A prioridade é levar a criança a ter consciência corporal e entender como o corpo dela se relaciona com o espaço", ensina Ivaldo Bertazzo, coreógrafo e professor de reeducação do movimento, de São Paulo. Por volta dos 10 anos, a criança sedentária pode apresentar encurtamento de alguns músculos, o que provoca tensão. Esse estado tira o corpo da postura vertical, fundamental para que os sentidos (visão, audição etc.) funcionem bem e para manter a concentração inclusive nas aulas. Fique atento: nos garotos, as evidências mais comuns do encurtamento dos músculos são o corpo jogado para trás, a coluna curvada ao sentar e as pernas abertas quando estão parados em pé. Já nas meninas, um corpo mal-educado se revela pelo abdome saliente, o bumbum empinado para trás e os ombros contraídos. Em ambos, pescoço tenso, coluna pouco ereta e desinteresse por esportes são motivos para deixar pais e educadores alertas. Passos de dança e o alongamento contribuem para evitar a tensão. "A dança é a única manifestação artística que realmente integra o corpo e a mente", afirma Marília de Andrade, professora da Universidade Estadual de Campinas. 


Brincadeiras servem para aquecer 

No Espaço Brincar, em São Paulo, os professores de Educação Infantil Sílvia Lopes, Bruno Quintas e Yvan Dourado desenvolvem estratégias lúdicas para fazer as crianças se mexerem. Pesquisadora da cultura popular, Sílvia resolveu ensinar alguns passos de frevo à turminha. Antes, recorreu às brincadeiras infantis e à contação de histórias. "Não adianta trazer a coreografia pronta", alerta a professora. "Os alunos querem participar da criação e precisam descobrir, primeiro, que movimentos já sabem fazer." 


Para esquentar e levar cada um a conhecer melhor o corpo, a professora chamou a garotada para participar de um bolo humano. A atividade tem início com todos sentados em um grande círculo. Aos poucos, eles vão se arrastando para o centro da roda, orientados por Sílvia, que indica como vão se movimentar. Quando todos estão juntos, simulam com braços e pernas adicionar os ingredientes à massa do bolo. Em seguida, eles se chacoalham, imitando uma batedeira, e voltam para o lugar de origem, também movendo-se pelo chão.

Em outro momento, a professora conta a história do saci-pererê. "Escolhi o personagem porque ele se apóia numa perna só e a garotada adora ficar assim, se equilibrando", observa Sílvia. A idéia é que, com sombrinhas de frevo, os alunos interpretem como o saci faria para atravessar uma floresta, cruzar um rio, desviar de cobras e onças com pulos e rolar pelo chão. Pronto! Assim, as crianças aprendem os passos básicos do frevo. A aula de 50 minutos acaba com um relaxamento coletivo. 
Movimentos ritmados, acompanhando uma música,
ajudam a despertar a consciência corporal 
da garotada. Paulo Araújo (novaescola@fvc.org.br)


A professora de Educação Física Luciana Burgos, de Porto Alegre, também uniu a cultura popular à consciência corporal em suas aulas na Escola Estadual de Ensino Fundamental Nações Unidas. Há dez anos, ela percebeu que podia associar alguns exercícios a passos do vanerão, dança típica gaúcha. Nesse caso, o ideal é começar o trabalho pela teoria, explicando a origem da dança. Depois, entram em cena elementos como música e figurino. "Em pouco tempo, conseguimos formar várias duplas", conta a professora. "Deixei as aulas de ginástica a cargo de um colega e me dediquei só ao grupo de dança." 



O popular deixa a dança mais atraente


Para despertar nos alunos o interesse pela dança, é preciso levar em consideração o repertório artístico que eles têm, deixar bem claro que homem também dança e, claro, convidar a turma toda para participar. Há 15 anos, a professora de Artes Marly Vendramini Cairoli, da Escola Municipal de Ensino Fudamental Dona Angelita Maffei Vita, em São Paulo, propõe atividades variadas para atrair alunos de 5ª a 8ª série para suas aulas. 


Diversas turmas já contaram em forma de coreografia a história do cientista Albert Sabin (1906-1993) e do pintor Salvador Dalí (1904-1989) e reproduziram com o corpo a famosa tela Guernica, de Pablo Picasso (1881-1973). A última inspiração de Marly veio de uma visita que suas turmas de 7ª e 8ª séries fizeram à exposição A Herança dos Czares, uma reunião de 200 obras do Museu do Kremlin, de Moscou, que ficou em cartaz entre abril e junho no Museu de Arte Brasileira, em São Paulo. "Como já tínhamos estudado a arte bizantina, não tive dúvida: desafiei os adolescentes a montar um pagode", conta Marly. Apesar de no Brasil a palavra designar um tipo de samba, ela também denomina uma dança russa.




Passos do pagode russo na escola Angelita Maffei Vita: a idéia da atividade surgiu após visita a uma mostra sobre arte na terra dos czares. Foto: Karine Basilio

Durante um mês, os alunos desenharam com o corpo figuras geométricas no espaço, somente para esquentar: em pé, um ao lado do outro, eles faziam retas com os braços ou, individualmente, formaram triângulos com as pernas, entre outros movimentos. Em seguida, a turma escolheu as músicas e montou uma coreografia de quatro minutos. "Quando a professora me convidou, achei que seria uma chatice, porque todo mundo só gostava de black music e axé. Me enganei", confessa Suelen Fabiano da Silva, da 8ª série. "Descobrimos que alguns passos de black e axé podem ser adaptados para o pagode. Ficou ótimo", diz Mauro Rogério, também da 8ª série. 


Marly se livrou de uma armadilha em que muitos professores acabam caindo: tentar ensinar balé clássico na escola. "Esse estilo vai contra a espontaneidade da atividade. Trabalhar com as danças populares sempre dá mais certo", alerta Hulda Bittencourt, diretora artística da Cisne Negro Cia. de Dança. Há cinco anos, o Cisne Negro oferece o curso Vem Dançar, dirigido a professores da rede pública paulistana, que mostra como o repertório popular pode deixar a dança mais atraente e de que modo ela evoluiu ao longo do tempo. 



Muitas vezes vista como elitista, a dança é uma atividade de integração que se adapta muito bem a qualquer currículo. As fontes de inspiração para as aulas podem variar, de acordo com o projeto da escola e os interesses da turma o comportamento dos animais e os fenômenos da natureza, por exemplo, rendem boas atividades. A sala não precisa nem ter espelhos, como as dos grandes centros de dança: basta ser limpa, bem iluminada e ventilada. Para a aula ser produtiva e agradável, diga à garotada para usar roupas leves e confortáveis e tomar muita água, como em qualquer esporte, para não desidratar.





  

sábado, 23 de maio de 2015

"PENSA QUE ACABOU.....

O que é inclusão escolar?


Inclusão escolar é acolher todas as pessoas, sem exceção, no sistema de ensino, independentemente de cor, classe social e condições físicas e psicológicas. O termo é associado mais comumente à inclusão educacional de pessoas com deficiência física e mental.
Recusar-se a ensinar crianças e jovens com necessidades educacionais especiais (NEE) é crime: todas as instituições devem oferecer atendimento especializado, chamado de Educação Especial. No entanto, o termo não deve ser confundido com escolarização especial, que atende os portadores de deficiência em uma sala de aula ou escola separada, apenas formadas de crianças com NEE. Isso também é ilegal.
O artigo 208 da Constituição brasileira especifica que é dever do Estado garantir "atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino", condição que também consta no artigo 54 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).
A legislação também obriga as escolas a terem professores de ensino regular preparados para ajudar alunos com necessidades especiais a se integrarem nas classes comuns. Ou seja, uma criança portadora de deficiência não deve ter de procurar uma escola especializada. Ela tem direito a cursar instituições comuns, e é dever dos professores elaborar e aplicar atividades que levem em conta as necessidades específicas dela.
No caso da alfabetização para cegos, por exemplo, o aluno tem direito a usar materiais adaptados ao letramento especial, como livros didáticos transcritos em braile para escrever durante as aulas. De acordo com o decreto 6.571, de 17 de setembro de 2008, o Estado deve oferecer apoio técnico e financeiro para que o atendimento especializado esteja presente em toda a rede pública de ensino. Mas o gestor da escola e as Secretarias de Educação e administração é que precisam requerer os recursos para isso.
Às vezes o atendimento escolar especial (AEE) deve ser feito com um profissional auxiliar, em caso de paralisia cerebral, por exemplo. Esse profissional auxilia na execução das atividades, na alimentação e na higiene pessoal. O professor e o responsável pelo AEE devem coordenar o trabalho e planejar as atividades. O auxiliar não foge do tema da aula, que é comum a todos os alunos, mas o adapta da melhor forma possível para que o aluno consiga acompanhar o resto da classe.
Mas a preparação da escola não deve ser apenas dentro da sala de aula: alunos com deficiência física necessitam de espaços modificados, como rampas, elevadores (se necessário), corrimões e banheiros adaptados. Engrossadores de lápis, apoio para braços, tesouras especiais e quadros magnéticos são algumas tecnologias assistivas que podem ajudar o desempenho das crianças e jovens com dificuldades motoras.


OS DESAFIOS DA INCLUSÃO ESCOLAR NO SÉCULO XXI.

15/03/2013 - Tereza Cristina Rodrigues Villela, Silvia Carla Lopes e Elaine Maria Bessa Rebello Guerreiro.·.

Introdução.

Nas últimas décadas do século XX, o direito de todos à educação foi debatido de uma forma mais integral que nos anos anteriores. A necessidade de constituir uma escola em que a prática pedagógica seja estruturada de modo a contemplar as necessidades de todos, de forma igualitária, foi discutida e assumida a partir de documentos legais nacionais e internacionais, como a Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988), a Declaração Mundial Sobre Educação para Todos (UNESCO, 1990), a Declaração de Salamanca (Espanha, 1994) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996). No início deste século, há um incremento da legislação que contempla a pessoa com deficiência, como a Convenção da Guatemala (2001), a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, ratificada e incorporada a Constituição como Decreto Legislativo nº 186/2008 (BRASIL, 2008) entre outros dispositivos legais.
A inclusão de estudantes com deficiência no sistema regular de ensino está baseada nessa perspectiva de educação para todos, pois, ao serem feitas adaptações pedagógicas para um aluno que tenha algum tipo de deficiência, leva-se em conta distintas formas de aprender e de ensinar. Pensando em como realizar da melhor maneira as práticas inclusivas para essas pessoas, de forma a desenvolver suas potencialidades, busca-se também a qualidade do ensino para todos os estudantes, independentemente de terem ou não deficiência. O uso de estratégias de ensino adequadas a diferentes tipos de necessidades específicas de aprendizagem só vem a contribuir para o desenvolvimento de todos os estudantes envolvidos no processo, ou seja, indivíduos com diferentes deficiências ou necessidades educacionais específicas, de diferentes origens socioeconômicas e contextos culturais distintos, com habilidades igualmente distintas entre si, poderão beneficiar-se de estratégias didático-metodológicas heterogêneas; afinal, em uma escola c da vez mais plural e democrática, não se pode supor que exista uma única forma de ensinar e aprender.
Assim, o objetivo desse artigo é apresentar a visão de diferentes autores sobre Educação Especial, a inclusão escolar e as formas de trabalhar em parceria com diversos atores. Existe muito a ser feito e é na prática, no fazer cotidiano do professor, tanto do ensino regular quanto do ensino especial que se dão os avanços rumo à educação para todos.

Benefícios de um Ambiente Inclusivo e suas Dificuldades.

Para Staimback e Staimback (1999), o educador pode desempenhar um importante papel na percepção dos alunos de que esses têm potencialidades e limitações diferentes. Sugerem propostas de atividades em que os alunos sejam estimulados sobre suas habilidades e identificadas suas limitações.
De acordo com os dois autores:
“Gerando respostas dessa maneira, os alunos e o professor podem ver que todos têm aptidões e habilidades e que todos precisam de ajuda em algumas áreas. Karen pode ser ótima em leitura, mas pode precisar de ajuda nas brincadeiras no playground. Carmen pode ter dificuldade em matemática, mas é ótima para lembrar-se de coisas e organizar pessoas e atividades. As salas de aula podem tornar-se comunidades de apoio mútuo se os professores promoverem o respeito pelas diferenças e proporcionarem oportunidades diversificadas para os alunos enxergarem uns aos outros de muitas maneiras”. (STAIMBACK; STAIMBACK, 1999, p. 299).
Dessa forma, o benefício da permanência dos estudantes com deficiência nas classes do ensino regular se estende a todos. Através da convivência com alunos com diferentes potencialidades e limitações, os estudantes têm oportunidade de aprender mais coisas do que o currículo formal pode ensinar.
Segundo O’Brien (1992, 1993, 1994, apud STAIMBACK; STAIMBACK, 1999, p. 53):
Entre os benefícios que os alunos das escolas inclusivas, desde a educação infantil até o ensino médio, comumente relatam estão à descoberta de pontos em comum com pessoas que superficialmente parecem e agem de maneira muito diferente; ter orgulho em ajudar alguém a conseguir ganhos importantes, aparentemente impossíveis; ter oportunidade de cuidar de outras pessoas; agir consistentemente baseados em valores importantes, como a promoção da igualdade, a superação da segregação ou a defesa de alguém que é tratado injustamente; desenvolver habilidades cooperativas na resolução dos problemas, na comunicação, na instrução e na prestação de ajuda pessoal; aprender diretamente sobre coisas difíceis, incluindo a superação do medo das diferenças; resolver problemas de relacionamento ocorridos em aula; lidar com comportamento difícil, violento ou auto destruidor; lidar com os efeitos de questões familiares no coleguismo; enfrentar e apoiar um no outro durante enfermidades graves ou morte de alguém de sua própria idade.
Para Staimback e Staimback (1999), as amizades conquistadas pelos alunos em um ambiente inclusivo podem auxiliá-los a se sentirem realmente membros de suas comunidades e a terem oportunidade de aprender o respeito, o interesse e o apoio mútuo em uma sociedade inclusiva, ao mesmo tempo em que aprendem habilidades acadêmicas. Assim, para os autores, a possibilidade de os alunos experienciarem e compreenderem a diversidade de uma comunidade propicia a construção de comunidades seguras e protetoras que evitam a exclusão pelo isolamento de indivíduos ou grupos.
Mas o fato é que muitas vezes os profissionais envolvidos com a educação têm se mostrado apáticos diante da estrutura educacional existente no país, e resistem a mudar o seu jeito de trabalhar, não vendo saída para alterar sua prática pedagógica cotidiana. Acrescente-se a isso o fato das classes serem muito numerosas, por vezes com mais de quarenta alunos, piorando a situação.
A inclusão não é uma tarefa fácil, mas é, sem dúvida, possível. E se a realidade enfrentada é difícil, faz-se necessário buscar formas para mudá-la: salas lotadas; alunos indisciplinados; quadro negro e giz na maioria das escolas, enquanto existem novas tecnologias que muitas vezes não são disponibilizadas para uso, por medo de que os alunos quebrem, ficando, por isso, "bem guardadas" e trancadas; esses são alguns dos entraves. Isso, quando existe mobiliário e ambiente adequados para que os alunos estudem.
Mas qual é a escola desejada? Se o que se quer é uma escola democrática, na qual os direitos de todos sejam respeitados, é preciso refletir muito acerca deste assunto, já que é a partir da reflexão e da observação que se constrói a ação pedagógica.
Sem dúvida, esse é o primeiro passo para uma efetiva inclusão. Entretanto, não se pode ser simplista a ponto de acreditar que seja o único. Hoje existe uma excessiva teorização da prática pedagógica. É comum que seja dito muito do que é preciso fazer, sem que sejam apontados caminhos para essas ações.

Novos Desafios para o Educador.

Perrenoud (1993) explicita que há necessidade de reformulações na formação inicial do professor de ensino básico. Ele aponta para uma grande dose de idealismo nestes cursos e para o fato de que grande parte do que se aprende não é possível ser aplicado na prática, visto que muitos formadores desconhecem a realidade da sala de aula, das escolas e do sistema educacional. Porém não existem receitas acabadas, mesmo porque cada educando é único, assim como são únicas as diferentes situações de aprendizagem.
Assim, Mazzotta (2003) atenta para a necessidade de não serem feitas generalizações quanto às necessidades especiais de alunos com deficiência, pois todo aluno e toda escola são especiais em sua singularidade. Por isso, somente nas situações concretas em que se encontram os alunos nas escolas pode-se interpretar as necessidades educacionais escolares como comuns ou especiais.
Dessa forma, a educação toma como base a diversidade como uma característica intrínseca ao ser humano e é nesse contexto, como afirma Santo (2003), que há a necessidade de formar cidadãos responsáveis - que se deve instruí-los e propiciar educação para todos. Assim, para Ferreira (2006), o educador deve além de proporcionar o acesso à educação desses estudantes, combater barreiras que possam provocar a exclusão educacional destes.
No mesmo sentido, Carvalho (1997) ressalta que, embora tenham ocorrido avanços no que diz respeito à remoção de barreiras arquitetônicas nas escolas, muitas vezes os alunos estão no mesmo espaço físico que os demais, sem participar efetivamente das atividades escolares e verdadeiramente incluídos na aprendizagem, acrescentando que, para que a inclusão realmente ocorra, a prática pedagógica precisa ser mudada.
Faltam a muitos dos professores informações sobre estratégias que deram certo; não para que sejam feitas cópias, mas que sejam tomadas como ponto de partida para que outras sejam pensadas, tendo em vista o conhecimento sobre o que está sendo feito e que pode funcionar. Para isso, são fundamental que sejam conhecidos os processos da aprendizagem, assim como aspectos relativos às diferentes etapas do desenvolvimento humano e, nesse sentido, faz-se necessária a formação continuada do educador, constituindo-se cada vez mais como pesquisador de sua própria prática pedagógica.
Para Perrenoud (1999, p. 2):
Quase que a totalidade das ações humanas exige algum tipo de conhecimento, às vezes superficial, outras vezes aprofundado, oriundo da experiência pessoal, do senso comum, da cultura partilhada em um círculo de especialistas ou da pesquisa tecnológica ou científica. Quanto mais complexas, abstratas, mediatizadas por tecnologias, apoiadas e modelos sistêmicos da realidade forem consideradas as ações, mais conhecimentos aprofundados, avançados, organizados e confiáveis, elas exigem.
Corroborando essa afirmação de Perrenoud, Ferreira (2006, p. 3-4) afirma que:
A construção de escolas de qualidade e inclusivas para todos deve, dessa forma, necessariamente envolver o desenvolvimento de políticas escolares de desenvolvimento profissional docente com vistas a prepará-los pedagogicamente para trabalhar com a pluralidade sócia cognitiva e experiencial dos estudantes por meio de enriquecer [sic] conteúdos curriculares que promovam a igualdade, a convivência pacífica, a aprendizagem mútua, a tolerância e a justiça social.
Assim, faz-se importante que as formas de preconceito sejam combatidas para além do discurso, através de ações efetivas.
Dessa forma, para Ferreira (2006, p. 6):
O processo de mudança da pedagogia tradicional (leitura, cópia, exercícios no caderno ou livro, etc.) para uma pedagogia inclusiva, pouco a pouco transforma o docente em pesquisador de sua prática pedagógica, pois a nova dinâmica de ensino faz com que adquira habilidades para refletir sobre sua docência e aperfeiçoá-la continuamente. O docente aprende a reconhecer o valor e a importância do trabalho colaborativo e da troca de experiências com seus colegas professores, os quais podem contribuir de forma sistemática sobre novas formas de ensinar, de lidar com velhos problemas e de se desenvolver profissionalmente.

A Educação para Todos é um Trabalho de Parcerias.

Faz-se igualmente necessária, para uma efetiva inclusão dos estudantes com deficiência nas escolas regulares, a participação dos profissionais do ensino comum e da educação especial em reuniões conjuntas, para a tomada de decisões sobre estratégias e adaptações necessárias para promover o desenvolvimento das potencialidades e o aprendizado dos alunos com deficiência, de acordo com as características de cada um.
Nesse sentido, Carvalho (1998, p. 91), enfatiza que:
Os próprios professores têm se queixado de sentimentos de segregação. Os que atuam em educação especial lamentam não serem incluídos em todas as reuniões pedagógicas que acontecem na escola ou nas Secretarias de Educação, ficando limitados às que são organizadas pela educação especial. Curiosamente, seus pares que trabalham em turmas regulares também não são convidados a participar dos trabalhos pedagógicos promovidos pela educação especial.
Batista (2004), apresentando contribuições sobre práticas de profissionais de saúde e educação voltadas às crianças com deficiência visual e a outros problemas orgânicos, sob uma perspectiva inclusiva, ressalta que a atuação desses profissionais, em diferentes momentos da vida da criança, pode significar passos em direção à inclusão em ou redução da participação dessa criança na sociedade, se se basearem em prognósticos negativos.
Algumas possibilidades de mudança de atitudes que podem propiciar uma efetiva inclusão de estudantes com deficiência nas escolas, com a ajuda de profissionais da educação especial, são apontadas por Amaro e Macedo (2002), que estudaram a concepção de educadores sobre alunos com deficiência através de um projeto de reuniões promovidas pela equipe de apoio do Departamento de Educação Especial do Município de Mauá para, a partir dessas reuniões, organizarem práticas que favorecessem a construção da educação inclusiva.
Uma vez por mês havia a participação de um membro da equipe nas reuniões de HTPC (Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo) dos professores de Educação Infantil da Rede Municipal de Educação, visando apoiar a inclusão escolar na rede regular de ensino do município.
Foram analisados trinta registros, e os conteúdos foram divididos em três partes: 1) inventário das queixas, dificuldades e questionamentos expressos pelos professores e dirigentes nos HTPCs; 2) indicação das intervenções realizadas: formulação de situações-problema, orientação, encaminhamentos, discussões e reflexões; 3) registro de mudanças observadas.
As queixas eram ouvidas e a seguir problematizadas, para criar estratégias que viabilizassem a inclusão e que pudessem ser adotadas pelos distintos membros da comunidade escolar. Incentivava-se o uso dos recursos disponíveis e/ou a criação de novas estratégias para a efetiva inclusão educacional.
A partir disso foram feitos esclarecimentos sobre algumas características, visando uma revisão de ideias pré-determinadas aos alunos, tais como “o hiperativo”, “o síndrome de down”, “o desestruturado familiar” etc., em troca de experiência entre os participantes da reunião, bem como de leituras de textos e dinâmicas realizadas. Buscava-se, também, validar as práticas dos professores e da escola na busca de caminhos, sugerindo possibilidades de respostas para as questões formuladas pelos professores sobre sua prática.
Quanto às mudanças observadas, os autores ressaltam que elas aparecem em poucos registros, mas que ainda assim são indicativos de que, iniciado um processo de mudança e reflexão do professor, sobre sua prática pedagógica através de conhecimento e uso de recursos, é possível uma educação de qualidade que atenda a todos.
No mesmo sentido, Mrech (2001) verificou, através de um estudo de caso, a eficácia de um projeto de estudos e debates feito na Escola de Ensino Fundamental General Osório, na cidade de São Paulo, envolvendo toda a comunidade escolar no Projeto Escola Viva, desenvolvido por essa autora através de reuniões gerais e entrevistas com os professores, com os pais, com os alunos e com a equipe técnica e funcionários, visando capacitação e treinamento de todos os participantes da escola, privilegiando a escuta dos membros da comunidade escolar.
A autora destaca a importância da direção da escola em abri-la à comunidade, propiciando um espaço em que questões voltadas às deficiências, dificuldades de aprendizagem e problemas de indisciplina eram estudadas e debatidas. Assim como no estudo de Amaro e Macedo (2002), verificou-se, de maneira mais substancial, que através da escuta dos relatos dos professores e do comentário sobre observação em sala de aula, há possibilidade de aplicação prática do que foi estudado e de uma nova postura diante dos fatos ocorridos na escola, bem como em relação ao papel da educação.
Através desses estudos é possível observar a importância de orientações à comunidade escolar em suas dúvidas cotidianas, da ênfase à troca de experiência entre os educadores e do ensino colaborativo, visando uma constante reflexão dos trabalhadores da educação sobre sua prática pedagógica frente às diferentes formas de aquisição do conhecimento.
Mas, para uma educação que atenda verdadeiramente a todos, Carvalho (1997) ressalta a necessidade de que o professores, os técnicos em educação, os diretores e suas equipes, além das merendeiras, faxineiras, porteiros, entre outros trabalhadores da escola e das famílias dos alunos, discutam cotidianamente formas de melhorar a qualidade da educação oferecida. Para essa autora, ao mesmo tempo em que a educação tem suas implicações nos acontecimentos do ambiente escolar, ela é fruto do contexto social, econômico e político que, também, precisa ser inclusivo. Nota-se ainda a necessidade e urgência de políticas públicas que assegurem a qualidade na formação inicial e continuada do educador.

Considerações Finais.

Assim, tornam-se necessárias, como formas de enfrentamento dos preconceitos e estereótipos existentes no ambiente educacional, ações em políticas públicas voltadas à formação inicial e continuada dos educadores, buscando uma educação que estimule as potencialidades de seus educandos e que assegure o aprendizado sem ignorar a pluralidade dos alunos reais existentes nas escolas.
Desse modo, são importantes os estudos e ações que enfoquem a educação e as necessidades educacionais dos estudantes, bem como informações à comunidade escolar sobre as deficiências e a busca de estratégias que propiciem o aprendizado e o pleno alcance das potencialidades dos alunos, através da parceria entre escola regular e especial, quando necessário, e de debates envolvendo todos os atores do processo educativo: educadores, funcionários das escolas, alunos e seus familiares. Esse processo não é fácil, mas é necessário e urgente, sobretudo em uma época que nos desafia a ampliar a prática de uma educação que atenda verdadeiramente a todos os alunos.


Tereza Cristina Rodrigues Villela: Pedagoga, Mestre e doutoranda em Educação Especial pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos – PPGEEs/UFSCar.
Silvia Carla Lopes: Pedagoga pela Universidade do Sagrado Coração, pós-graduanda em Educação Especial e Inclusiva da Uninter/Facinter, Curitiba.
Elaine Maria Bessa Rebello Guerreiro: Doutora em Educação Especial pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos - PPGEEs/UFSCar.

Referências

·         AMARO, Diegles Giacomelli; MACEDO, Lino. Da lógica da exclusão à lógica da inclusão: reflexão sobre uma estratégia de apoio à inclusão escolar, 2002. Disponível em: http://www.educacaoonline.pro.br/index.php?option=com_content&view=article&id=90:da-logica-da-exclusao-a-logica-da-inclusao-reflexao-sobre-uma-estrategia-de-apoio-a-inclusao-escolar&catid=6:educacao-inclusiva&Itemid=17 Acesso em: 24 jun. 2011.
·         BATISTA, Cecília Guarnieri. Crianças com problemas orgânicos: contribuições e riscos de prognósticos psicológicos. Educar em Revista, Curitiba, v. 23, n. jan-jun, p. 45-63, 2004.
·         BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 5 outubro 1988. Seção 1, p.1.
·         BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial (SEESP). Convenção da Organização dos Estados Americanos. Brasília, 2001. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/guatemala.pdf Acesso em: 02 jul. 2011.
·         BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial (SEESP). Declaração de Salamanca. Brasília, 1994. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf Acesso em: 02 jul. 2011.
·         BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial (SEESP). Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Brasília, 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm Acesso em: 05 jul. 2011.
·         BRASIL. Decreto Legislativo n° 186, de 9 de julho de 2008. Aprova o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Disponível em: http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/legislacao/pessoa-deficiencia/Decreto_legislativo_186_2008 Acesso em: 02 jul. 2011.
·         CARVALHO, Rosita Edler. Temas em educação especial. Rio de janeiro: WVA, 1997.
·         ______. Temas em educação especial. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. WVA,1998.
·         FERREIRA, Windyz B. Educar na diversidade: práticas educacionais inclusivas na sala de aula regular. In: Ensaios Pedagógicos - Educação Inclusiva: direito à diversidade. Brasília: SEESP/MEC, 2006.
·         MAZZOTTA, Marcos José da Silveira. Deficiência, Educação Escolar e Necessidades Especiais: reflexões sobre inclusão socioeducacional, 2003. Disponível em: http://www.educacaoonline.pro.br/index.php?option=com_content&view=article&id=79:deficiencia-educacao-escolar-e-necessidades-especiais-reflexoes-sobre-inclusao-socioeducacional&catid=6:educacao-inclusiva&Itemid=17 Acesso em: 24 jun. 2011.
·         MRECH, L. M. O Mercado de Saber, o real da Educação e dos educadores na sociedade contemporânea. In: Insight – Psicoterapia e Psicanálise, São Paulo, Ano XI, n. 121, setembro de 2001.
·         ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIENCIA E A CULTURA – UNESCO. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das necessidades básicas de aprendizagem. Jomtien, 1990. Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/0008/000862/086291por.pdf. Acesso em: 30 mar. 2011.
·         PERRENOUD, Philippe. Práticas pedagógicas, profissão docente e formação: Perspectivas sociológicas. Lisboa: Nova Enciclopédia, 1993.
·         ______. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artmed, 1999.
·         SANTOS, Mônica P. A Inclusão da Criança com Necessidades Educacionais Especiais. Artigo 63, 2007. Disponível em:http://www.profala.com/arteducesp36.htm Acesso em: 02 jul. 2011.
·         STAIMBACK S.; STAIMBACK W. Inclusão: Um guia para Educadores. Porto Alegre, Artmed, 1999.

A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

São muitos os problemas que estão presentes na educação brasileira, especialmente na educação pública. São diversos os fatores que proporcionam resultados negativos, um exemplo disso são as crianças que se encontram no 6ºano do ensino fundamental e não dominam habilidade de ler e escrever.
Esse fato é resultado direto do que acontece na estrutura educacional brasileira, pois praticamente todos os que atuam na educação recebem baixos salários, professores frustrados que não exercem com profissionalismo ou também esbarram nas dificuldades diárias da realidade escolar, além dos pais que não participam na educação dos filhos, entre muitos outros agravantes.
As avaliações implantadas pelo governo para avaliar a educação brasileira apresentam números desanimadores, isso se tornou uma situação insustentável que não pode continuar.
Em setembro de 2006, um grupo de empresários e políticos, com a participação dos meios de comunicação em massa, firmou um compromisso denominado de Todos pela Educação. Nessa mobilização ficaram definidas algumas metas a serem alcançadas até 7 de setembro de 2022. São elas:
- Todo indivíduo com idade entre 7 e 17anos deverá estar na escola.
- Todo indivíduo com idade de 8 anos deverá dominar a leitura.
-   Os alunos deverão ter acesso a todos os conteúdos correspondentes a sua série.
-  Todos os alunos deverão concluir as etapas de estudo (fundamental e médio).
-  Garantia de investimentos na Educação Básica.
Números que retratam os problemas da educação brasileira

• Hoje, no Brasil, de 97% dos estudantes com idade entre 7 e 14 anos se encontram na escola, no entanto, o restante desse percentual, 3%, respondem por aproximadamente 1,5 milhão de pessoas com idade escolar que estão fora da sala de aula.

• Para cada 100 alunos que entram na primeira série, somente 47 terminam o 9º ano na idade correspondente, 14 concluem o ensino médio sem interrupção e apenas 11 chegam à universidade.
• 61% dos alunos do 5ºano não conseguem interpretar textos simples. 60% dos alunos do 9ºano não interpretam textos dissertativos.
• 65% dos alunos do 5ºano não dominam o cálculo, 60% dos alunos do 9º ano não sabem realizar cálculos de porcentagem.
Medidas que possivelmente poderão combater os índices acima apresentados:

• Mobilização da sociedade para a importância que a Educação exerce.
• Direcionamento de recursos financeiros para escolas e professores.


• Valorização do profissional da educação.
• Implantação de medidas políticas educacionais a longo prazo.
Por Eduardo de Freita.
Equipe Brasil Escola


Ponto de chegada: a definição do currículo

Conhecer o que os alunos precisam saber (as chamadas expectativas de aprendizagem) facilita o alinhamento das atividades para o ano

Daniela Almeida (novaescola@fvc.org.br)

O bom planejamento envolve toda a rede municipal ou estadual (na definição de objetivos comuns), a comunidade escolar (na definição das metas de cada instituição específica) e, claro, os professores (na definição de como os conteúdos serão trabalhados em sala de aula). Nesse momento, é fundamental ter em mente aonde se quer chegar - ou seja, explicitar as chamadas expectativas de aprendizagem para poder pensar nas melhores formas de trabalhar cada um dos conteúdos (leia nos quadros que acompanham esta reportagem um resumo do que se espera que os alunos saibam ao fim dos cinco primeiros anos, em Língua Portuguesa e Matemática, com base em documentos das secretarias de Educação do estado e do município de São Paulo). 
Infelizmente, ainda há poucas redes e escolas trabalhando com expectativas bem definidas. Mas é importante saber que elas nada mais são que a descrição dos conteúdos e das habilidades essenciais a desenvolver em cada disciplina. Além disso, devem mostrar como o domínio de cada conteúdo avança ao longo da escolaridade. Se no 1º ano o aluno precisa saber produzir um texto ditando-o ao professor, as metas para o ano seguinte devem prever qual o próximo passo desse aprendizado (produzir, por conta própria, reescritas de histórias conhecidas, por exemplo). Em Matemática, as crianças começam a ter contato com tabelas simples no 1º ano - para poder chegar ao 5º interpretando dados de representações com dupla entrada. E assim por diante, em cada disciplina. 

Na vida real, essa primeira etapa da definição de conteúdos se dá antes mesmo do início das aulas, quando são identificados os grandes temas a ensinar. Se você vai lecionar para a mesma série que no ano anterior, uma boa estratégia é olhar para trás e observar o que funcionou - e quais objetivos não puderam ser alcançados. Com base nos registros (anotações no caderno, avaliações dos alunos etc.), é preciso avaliar: os conteúdos foram absorvidos pela turma? Consegui cumprir as metas? O que vou fazer diferente para que todas as crianças efetivamente aprendam o que é necessário? 

Depois da fase inicial de avaliação diagnóstica, o próximo passo é colocar as novas metas no papel. O que realmente importa é que esse material seja consultado e reavaliado por várias vezes ao longo do ano. O modelo mais tradicional é montar uma lista de conteúdos. Mas você pode construir uma tabela, com colunas dedicadas ao conteúdo, às estratégias de ensino, às ferramentas utilizadas (tipo de material didático) e aos objetivos a serem alcançados. 

 “Infelizmente, esse exercício é muito menos comum do que deveria em nossas escolas", reforça Marta Nornberg, do curso de Pedagogia do Centro Universitário La Salle, em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre. "Ainda somos, enquanto professores, profissionais que pouco registram o que projetam realizar. Daí a necessidade de articular uma construção definindo o que se quer (aonde chegar), como fazer isso, o conjunto de estratégias de ensino, por quanto tempo usar cada uma delas e com que profundidade trabalhar os conteúdos" (leia aqui uma reportagem sobre as formas de organizar as aulas). 

Marta sugere destrinchar os conteúdos numa grade semanal, variando tanto as atividades de sala de aula como os tipos de lição de casa. Outra sugestão da especialista é fazer com que a tarefa puxe o assunto do dia seguinte de forma a amarrar a continuidade do planejamento. "Cada professor deveria cultivar um diário", afirma Marta. "Ao fim da aula, é enriquecedor o processo de registrar o que foi vivido em sala. E o ideal é relatar em detalhes o desenvolvimento das tarefas, a participação dos alunos, suas próprias reações etc. Só assim é possível refletir sobre o que foi feito." 
À primeira vista, a tarefa pode parecer simples, mas definir os conteúdos curriculares com base nas expectativas de aprendizagem para o ano letivo exige respeitar a sequência dos objetos de ensino. Além disso, é fundamental dominar as didáticas desses conteúdos para conhecer o percurso da turma e, sobretudo, conseguir avaliar os problemas pelos quais os alunos estão passando. Só assim é possível propor exercícios e planos de aula que façam todos avançarem. 
Tudo isso sem deixar de lado as características próprias das crianças. "Não podemos esquecer que cada uma é um sujeito, com origem social, cultural e histórica peculiar. Por isso, é bom levantar o máximo de informações sobre a turma antes de dar início ao processo", afirma Marta Marandino, professora de Metodologia do Ensino da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. 
Todo ano, a professora Andrea Maciel usa os primeiros dias de aula para fazer um diagnóstico da turma de 4º ano na EMEF João Belchior Marques Goulart, em São Leopoldo, na Grande Porto Alegre. "As atividades servem para descobrir a partir de que ponto devo continuar desenvolvendo os conteúdos. Uso essa informação para montar o planejamento, levando em consideração as metas preestabelecidas." Conversar com os colegas para conhecer melhor os alunos é outra iniciativa positiva. "Aqui, na escola, temos um combinado: se alguém percebe que algo não progride, buscamos apoio nos outros professores e na coordenação. Às vezes, eu estou fazendo coisas que são óbvias para mim, mas para os estudantes não. E só alguém de fora consegue identificar essa falha no processo de ensino." Esse espaço para a realização do planejamento coletivo, por disciplina ou por série, está se tornando cada vez mais comum em escolas, pois proporciona a troca de experiências e aumenta o repertório de boas práticas: quais estratégias de ensino funcionaram para tal conteúdo?
EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM LÍNGUA PORTUGUESA
1º ano
  • Fazer intercâmbio oral, ouvindo com atenção e formulando perguntas.
  • Ouvir com atenção textos lidos.
  • Ler textos conhecidos, como parlendas, adivinhas e canções.
  • Conhecer e recontar repertório variado de textos literários.
  • Escrever texto de memória de acordo com sua hipótese de escrita.
  • Escrever o próprio nome e utilizá-lo como referência para a escrita.
  • Conhecer as representações das letras maiúsculas do alfabeto de imprensa.
  • Localizar palavras em textos.
  • Escrever usando a hipótese silábica, com ou sem valor sonoro convencional.
  • Reescrever ditando textos conhecidos.
  • Revisar textos coletivamente, apoiados em leitura em voz alta feita pelo professor. 
2º ano
  • Participar de intercâmbio oral, ouvindo, perguntando e planejando a fala para diferentes interlocutores.
  • Recontar histórias conhecidas, recuperando características da linguagem do texto original.
  • Apreciar textos literários.
  • Ler, com ajuda, diferentes gêneros.
  • Ler, por si mesmo, textos conhecidos.
  • Entender o sistema alfabético, mesmo escrevendo com erros ortográficos.
  • Escrever alfabeticamente textos que conhece de memória.
  • Reescrever histórias conhecidas, ditando-as ou de próprio punho. Produzir textos simples de autoria.
3º ano
  • Participar de situações de intercâmbio oral, ouvindo com atenção, formulando e respondendo a perguntas, explicar e compreender explicações, manifestar opiniões sobre o assunto tratado.
  • Apreciar e ler textos literários.
  • Ler, com ajuda, textos para estudar (textos de sites, revistas etc.).
  • Reescrever de próprio punho histórias conhecidas, considerando as características da linguagem escrita.
  • Produzir textos de autoria utilizando os recursos da linguagem escrita.
  • Revisar textos coletivamente com a ajuda do professor ou em parceria com colegas.
4º ano
  • Participar de situações de intercâmbio oral que requeiram ouvir com atenção, intervir sem sair do assunto tratado, formular e responder perguntas justificando respostas, explicar e compreender explicações, manifestar e acolher opiniões, fazer colocações considerando as anteriores.
  • Apreciar textos literários.
  • Selecionar, em parceria, textos em diferentes fontes para a busca de informações.
  • Localizar, em parceria, informações nos textos, apoiando-se em títulos e subtítulos, imagens e negritos, e selecionar as que são relevantes.
  • Ajustar a leitura ao propósito e ao gênero.
  • Reescrever e/ou produzir textos de autoria com apoio do professor.
  • Revisar textos coletivamente com a ajuda do professor, prestando atenção nos aspectos de coerência, coesão e ortografia.
5º ano
  • Participar de situações de intercâmbio oral que requeiram ouvir com atenção, intervir sem sair do assunto, formular e responder a perguntas justificando respostas, explicar e compreender explicações, manifestar e acolher opiniões, argumentar e contra-argumento.
  • Participar de situações de uso da linguagem oral utilizando procedimentos da escrita para organizar a exposição.
  • Apreciar textos literários.
  • Selecionar textos de acordo com os propósitos de leitura, antecipando a natureza do conteúdo e utilizando a modalidade de leitura mais adequada.
  • Utilizar recursos para compreender ou superar dificuldades de compreensão durante a leitura.
  • Reescrever e produzir textos utilizando procedimentos de escritor.
  • Revisar textos, próprios e dos outros, em parceria com colegas, com intenção de evitar repetições, ambiguidades e erros ortográficos e gramaticais.

EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM MATEMÁTICA

1º ano
  • Ampliar o conhecimento dos números e contar oral e mentalmente objetos.
  • Usar estratégias pessoais para resolver problemas com as quatro operações. 
  • Indicar o número certo quando houver poucos objetos.
  • Ler mapas e plantas baixas simples.
  • Identificar e representar semelhanças e diferenças entre formas geométricas.
  • Montar e desmontar embalagens tridimensionais.
  • Usar o calendário.
  • Comparar, identificar e estimar grandezas (comprimento, massa, temperatura e capacidade) e iniciar o uso de instrumentos de medidas.
  • Começar a usar e a fazer tabelas simples.
2º ano
  • Realizar contagem oral.
  • Saber regras do sistema numérico.
  • Ler e produzir escritas numéricas.
  • Ampliar o uso de estratégias pessoais nas quatro operações.
  • Saber resultados de memória.
  • Usar diversas estratégias de cálculo.
  • Localizar-se em espaços menos conhecidos e mais amplos.
  • Identificar e representar diferentes formas geométricas.
  • Realizar organização temporal com uso do calendário.
  • Utilizar sistemas de medidas convencionais.
  • Ampliar o conhecimento de grandezas e o uso de instrumentos de medidas.
  • Fazer tabelas e gráficos de colunas.
3º ano
  • Utilizar o sistema numérico em sua forma convencional.
  • Articular melhor os números em estratégias de cálculo mental.
  • Usar técnicas convencionais de adição e subtração.
  • Começar a sistematizar algoritmos (conta armada).
  • Ampliação do uso das operações de adição, subtração, multiplicação e divisão.
  • Interpretar representações do espaço.
  • Aprimorar o uso da linguagem específica para figuras e formas.
  • Saber ver as horas.
  • Utilizar o sistema métrico (convencional ou não) com mais precisão.
  • Aprimorar o uso de tabelas simples e usar gráficos com colunas e barras.
4º ano
  • Realizar contagens crescentes e decrescentes com números naturais.
  • Realizar cálculos aproximados.
  • Reconhecer, usar, comparar e ordenar números racionais.
  • Explorar os significados das frações.
  • Saber resultados de contas de multiplicação de memória.
  • Fazer operações de números naturais com estratégias pessoais e operações convencionais.
  • Identificar posição e movimentação em malha quadriculada.
  • Reconhecer semelhanças e diferenças entre figuras geométricas.
  • Reconhecer planificações e identificar formas planas de figura tridimensional.
  • Compreender e calcular o perímetro.
  • Reconhecer e usar unidades de medida.
  • Utilizar o sistema monetário brasileiro.
  • Interpretar dados de tabelas simples e de dupla entrada e de gráficos de colunas, barras e linhas.
5º ano
  • Compreender e usar as regras do sistema de numeração decimal para leitura, escrita, comparação e ordenação de números naturais.
  • Explorar diferentes significados das frações.
  • Escrever, ler, comparar e ordenar números racionais.
  • Resolver problemas nas quatro operações, usando estratégias pessoais, convencionais e cálculo mental.
  • Usar porcentagens.
  • Explorar a ideia de probabilidade.
  • Descrever, interpretar e representar a localização e a movimentação de uma pessoa ou um objeto.
  • Reconhecer poliedros e identificar relações entre faces, vértices e arestas.
  • Utilizar unidades comuns de medida em situações problema.
  • Calcular perímetros e áreas.
  • Usar unidades de medidas de área.
  • Interpretar e construir tabelas simples, de dupla entrada, gráficos de colunas, barras, linhas e de setor.

Quer saber mais?
BIBLIOGRAFIA 
Planejamento Sim e Não: Um Modo de Agir num Mundo em Permanente Mudança, Francisco Whitaker, 158 págs., Ed. Paz e Terra, tel. (11) 3337-8399, 31 reais. 
CONTATOS 
EMEF João Belchior Marques Goulart, R. João Luis Puffal, 100, 91120-570, São Leopoldo, RS, tel. (51) 3568-4050 

INTERNET 
A Organização do Tempo Pedagógico e o Planejamento, fascículo 3 da coleção Pró-Letramento, do Ministério da Educação.


Formas criativas para estimular a mente de alunos com deficiência

O professor deve entender as dificuldades dos estudantes com limitações de raciocínio e desenvolver formas criativas para auxiliá-los

CONCENTRAÇÃO Enquanto a turma lê fábulas,
Moisés faz desenhos sobre o tema para exercitar o foco.
 Foto: Tatianal Cardeal
De todas as experiências que surgem no caminho de quem trabalha com a inclusão, receber um aluno com deficiência intelectual parece a mais complexa. Para o surdo, os primeiros passos são dados com a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Os cegos têm o braile como ferramenta básica e, para os estudantes com limitações físicas, adaptações no ambiente e nos materiais costumam resolver os entraves do dia-a-dia. 

Mas por onde começar quando a deficiência é intelectual? Melhor do que se prender a relatórios médicos, os educadores das salas de recurso e das regulares precisam entender que tais diagnósticos são uma pista para descobrir o que interessa: quais obstáculos o aluno enfrentará para aprender - e eles, para ensinar. 
No geral, especialistas na área sabem que existem características comuns a todo esse público (leia a definição no quadro desta página). São três as principais dificuldades enfrentadas por eles: falta de concentração, entraves na comunicação e na interação e menor capacidade para entender a lógica de funcionamento das línguas, por não compreender a representação escrita ou necessitar de um sistema de aprendizado diferente. "Há crianças que reproduzem qualquer palavra escrita no quadro, mas não conseguem escrever sozinhas por não associar que aquelas letras representem o que ela diz", comenta Anna Augusta Sampaio de Oliveira, professora do Departamento de Educação Especial da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). As características de todas as outras deficiências você pode ver no especial Inclusão, de NOVA ESCOLA.


A importância do foco nas explicações em sala de aula 
SIGNIFICADO Na sala de recursos,
elaboração  de livro sobre a vida
dos alunos deu sentido à escrita.
Foto: Marcelo Almeida
Alunos com dificuldade de concentração precisam de espaço organizado, rotina, atividades lógicas e regras. Como a sala de aula tem muitos elementos - colegas, professor, quadro-negro, livros e materiais -, focar o raciocínio fica ainda mais difícil. Por isso, é ideal que as aulas tenham um início prático e instrumentalizado. "Não adianta insistir em falar a mesma coisa várias vezes. Não se trata de reforço. Ele precisa desenvolver a habilidade de prestar atenção com estratégias diferenciadas para, depois, entender o conteúdo", diz Maria Tereza Eglér Mantoan, doutora e docente em Psicologia Educacional da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O ponto de partida deve ser algo que mantenha o aluno atento, como jogos de tabuleiro, quebra-cabeça, jogo da memória e imitações de sons ou movimentos do professor ou dos colegas - em Geografia, por exemplo, ele pode exercitar a mente traçando no ar com o dedo o contorno de uma planície, planalto, morro e montanha. Também é importante adequar a proposta à idade e, principalmente, aos assuntos trabalhados em classe. Nesse caso, o estudo das formas geométricas poderia vir acompanhado de uma atividade para encontrar figuras semelhantes que representem o quadrado, o retângulo e o círculo.

A meta é que, sempre que possível e mesmo com um trabalho diferente, o aluno esteja participando do grupo. A tarefa deve começar tão fácil quanto seja necessário para que ele perceba que consegue executá-la, mas sempre com algum desafio. Depois, pode-se aumentar as regras, o número de participantes e a complexidade. "A própria sequência de exercícios parecidos e agradáveis já vai ajudá-lo a aumentar de forma considerável a capacidade de se concentrar", comenta Maria Tereza, da Unicamp. 
O que é a deficiência intelectual?
É a limitação em pelo menos duas das seguintes habilidades: comunicação, auto cuidado, vida no lar, adaptação social, saúde e segurança, uso de recursos da comunidade, determinação, funções acadêmicas, lazer e trabalho. O termo substituiu "deficiência mental" em 2004, por recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU), para evitar confusões com "doença mental", que é um estado patológico de pessoas que têm o intelecto igual da média, mas que, por algum problema, acabam temporariamente sem usá-lo em sua capacidade plena. As causas variam e são complexas, englobando fatores genéticos, como a síndrome de Down, e ambientais, como os decorrentes de infecções e uso de drogas na gravidez, dificuldades no parto, prematuridade, meningite e traumas cranianos. Os Transtornos Globais de Desenvolvimento (TGDs), como o autismo, também costumam causar limitações. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 5% da população mundial tem alguma deficiência intelectual”.

 Foi o que fez a professora Marina Fazio Simão, da EMEF Professor Henrique Pegado, na capital paulista, para conseguir a atenção de Moisés de Oliveira, aluno com síndrome de Down da 3ª série. "Ele não ficava parado, assistindo à aula", lembra ela. Este ano, em um projeto sobre fábulas, os avanços começaram a aparecer. "Nós lemos para a sala e os alunos recontam a história de maneiras diferentes. No caso dele, o primeiro passo foram os desenhos. Depois, escrevi com ele o nome dos personagens e palavras-chave", relata ela. 

Escrita significativa e muito bem ilustrada 
COMUNICAÇÃO Vinicius superou o
 isolamento e  melhorou a interação
em atividades com imagens e sons.
Foto: Léo Drumond
A falta de compreensão da função da escrita como representação da linguagem é outra característica comum em quem tem deficiência intelectual. Essa imaturidade do sistema neurológico pede estratégias que servem para a criança desenvolver a capacidade de relacionar o falado com o escrito. Para ajudar, o professor deve enaltecer o uso social da língua e usar ilustrações e fichas de leitura. O objetivo delas é acostumar o estudante a relacionar imagens com textos. A elaboração de relatórios sobre o que está sendo feito também ajuda nas etapas avançadas da alfabetização. 
A professora Andréia Cristina Motta Nascimento é titular da sala de recursos da EM Padre Anchieta, em Curitiba, onde atende estudantes com deficiência intelectual. Este ano, desenvolve com eles um projeto baseado na auto identificação - forma encontrada para tornar o aprendizado mais significativo. A primeira medida foi pedir que trouxessem fotos, certidão de nascimento, registro de identidade e tudo que poderia dizer quem eram. "O material vai compor um livro sobre a vida de cada um e, enquanto se empolgam com esse objetivo, eu alcanço o meu, que é ensiná-los a escrever", argumenta a educadora. 

Quem não se comunica... Pode precisar de interação 

Outra característica da deficiência intelectual que pode comprometer o aprendizado é a dificuldade de comunicação. A inclusão de músicas, brincadeiras orais, leituras com entonação apropriada, poemas e parlendas ajuda a desenvolver a oralidade. "Parcerias com fonoaudiólogos devem ser sempre buscadas, mas a sala de aula contribui bastante porque, além de verbalizar, eles se motivam ao ver os colegas tentando o mesmo", explica Anna, da UNESP.
Essa limitação, muitas vezes, camufla a verdadeira causa do problema: a falta de interação. Nos alunos com autismo, por exemplo, a comunicação é rara por falta de interação. É o convívio com os colegas que trará o desenvolvimento do estudante. Para integrá-lo, as dicas são dar o espaço de que ele precisa mantendo sempre um canal aberto para que busque o educador e os colegas. 
Para a professora Sumaia Ferreira, da EM José de Calazans, em Belo Horizonte, esse canal com Vinicius Sander, aluno com autismo do 2º ano do Ensino Fundamental, foi feito pela música. O garoto falava poucas palavras e não se aproximava dos demais. Sumaia percebeu que o menino insistia em brincar com as capas de DVDs da sala e com um toca-CD, colocando músicas aleatoriamente. Aos poucos, viu que poderia unir o útil ao agradável, já que essas atividades aproximavam o menino voluntariamente. Como ele passou a se mostrar satisfeito quando os colegas aceitavam bem a música que escolheu, ela flexibilizou o uso do aparelho e passou a incluir músicas relacionadas ao conteúdo. "Vi que ele tem uma memória muito boa e o vocabulário dele cresceu bastante. Por meio dos sons, enturmamos o Vinicius."

Quer saber mais?
EMEF Professor Henrique Pegado, R. Itapiruna, 131, 03757-050, São Paulo, SP, tel. (11) 2544-4008
EM José de Calazans, R. Sebastião Santana Filho, 111, 31930-070, Belo Horizonte, MG, tel. (31) 3277-9028 
EM Padre Anchieta, R. Daniel Mikovski, 191, 81320-140, Curitiba, PR, tel. (41) 3245-8836
Maria Tereza Eglér Mantoan


BIBLIOGRAFIA
Leitura e Escrita no Contexto da Diversidade, Ana Cláudia Lodi, 112 págs., Ed. Mediação, tel. (51) 3330-8105, 32 reais